Redes Sociais
- Cátia Castro
- 15 de jul. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de mar.
As redes sociais fazem parte do quotidiano de milhões de pessoas, sendo usadas para comunicação, entretenimento e expressão pessoal.

Os jovens de hoje estão online. Procuram comunidades, apoio, entretenimento e informação nas redes sociais, nos videojogos, em chats e até no metaverso. A presença digital é parte integrante das suas vidas, logo temos de pensar na forma como podemos tornar essa experiência mais saudável, enriquecedora e equilibrada.
A relação entre redes sociais e saúde mental tem sido amplamente debatida. Se, por um lado, há sérias preocupações sobre o impacto da exposição excessiva, da comparação social e do cyberbullying, por outro, as redes também são um espaço onde muitos adolescentes encontram apoio, partilham experiências e procuram ajuda para questões emocionais.
O impacto nas redes sociais poderá variar consoante o contexto, o perfil do utilizador e o tipo de interação com a plataforma. A grande questão prende-se em transformar esse espaço num ambiente mais seguro e positivo.
Algumas soluções já estão ao nosso alcance: redes sociais em que se podem denunciar e bloquear conteúdos potencialmente prejudiciais, plataformas que oferecem ferramentas de autorregulação emocional como gestão de tempo de ecrã.
Estas iniciativas não substituem o acompanhamento psicológico, nem resolvem os desafios estruturais da saúde mental. Mas são uma oportunidade para usar as redes sociais como um meio de intervenção acessível, em vez de as encararmos apenas como uma ameaça.
O desafio passa por educar, orientar, ensinar a distinguir entre o uso e saudável e o problemático através da literacia digital.
Mas quais são os impactos das redes sociais?
O uso problemático das redes sociais (PSMU) refere-se à dificuldade em controlar o tempo passado nas redes sociais ao impacto negativo que pode ter nas várias áreas da vida, afectando o bem-estar. Este uso problemático pode estar associado a ansiedade, baixa autoestima e comparação social.
Embora o PSMU partilhe algumas semelhanças com outras dependências comportamentais sem substância, como uso problemático de videojogos, ainda não é reconhecido como um diagnóstico oficial pela Organização Mundial da Saúde. A falta de consenso sobre critérios específicos para a sua definição e avaliação reforça a necessidade de mais investigação nesta área.
O uso problemático das redes sociais, especialmente nos adolescentes pode apresentar os seguintes sintomas:
Impulsividade,
Ansiedade, Stress
Dificuldade de atenção
Sintomas depressivos
Perturbações do sono
Preocupação excessivas com a imagem corporal
Dificuldades académicas
Menor satisfação com a vida.
Para manter um equilíbrio saudável, considere as seguintes estratégias:
Promover a literacia digital a adolescentes: Os pais/educadores devem promover um uso equilibrado e seguro das redes sociais aos seus adolescentes, conjugando com uma supervisão parental ativa, aliada a um diálogo aberto sobre os benefícios e riscos do mundo digital (como conteúdos inapropriados, cyberbullying, cyber-grooming), ensinando como interpretar criticamente os conteúdos online.
Estabeleça Limites: Defina um tempo específico para utilizar as redes sociais diariamente e procure respeitar esse limite. Desligue as notificações para evitar distrações constantes e reduzir a necessidade de verificar o telemóvel a cada instante.
Crie Períodos de Desconexão: Reserve momentos do seu dia ou até dias específicos na semana para se afastar totalmente das redes sociais. Esta pausa digital pode ajudá-lo a sentir-se mais presente no seu quotidiano e a reduzir o stress associado ao consumo excessivo de informação.
Invista em Atividades Fora do Ecrã: Encontre hobbies e interesses que não envolvam dispositivos eletrónicos, como ler um livro, praticar exercício físico, estar ao ar livre ou passar tempo de qualidade com amigos e família presencialmente. Estas atividades promovem um bem-estar mais profundo e duradouro.
Priorize Qualidade em Vez de Quantidade: Em vez de focar-se no número de seguidores ou “likes”, valorize interações significativas. Relacionamentos autênticos e trocas enriquecedoras nas redes sociais poderão ser muito mais benéficos do que uma presença digital baseada apenas em números.
Considere a Psicoterapia: Se sente que o uso das redes sociais está a afetar o seu bem-estar emocional ou a interferir nas suas responsabilidades diárias, procurar a ajuda de um psicólogo pode ser um passo essencial. A psicoterapia pode ajudá-lo a desenvolver estratégias para gerir melhor a relação com o mundo digital.
Pratique o Autocuidado: Cuidar da sua saúde mental e física é essencial para um uso equilibrado das redes sociais. Priorize um sono de qualidade, uma alimentação equilibrada, a prática de exercício físico e técnicas de relaxamento, como mindfulness ou respiração consciente.
Utilize as Redes de Forma Consciente: Antes de aceder às redes sociais, pergunte-se: "Por que estou a abrir esta aplicação agora? O que procuro obter com esta experiência?" Desenvolver uma relação mais intencional com o mundo digital pode ajudá-lo a evitar o uso impulsivo e automático.
Avalie Regularmente o Seu Uso: Reflita sobre como as redes sociais influenciam o seu humor, autoestima e bem-estar geral. Se notar que está a sentir-se mais ansioso, frustrado ou desmotivado após usá-las, pode ser um sinal de que precisa de ajustar os seus hábitos digitais.
Lembre-se: procurar ajuda psicológica quando necessário é um modo de obter autoconhecimento e cuidado consigo mesmo. Encontrar um equilíbrio entre o mundo digital e a vida real é essencial para um bem-estar pleno.
Fontes: American Psychological Association. (2023). Health advisory on social media use in adolescence. https://www.apa.org; Brevers, D., & Turel, O. (2019). Strategies for self-controlling social media use: Classification and role in preventing social media addiction symptoms. Journal of Behavioral Addictions, 8(3), 554–563. https://doi.org/10.1556/2006.8.2019.49; Boursier, V., Gioia, F., & Griffiths, M. D. (2020). Do selfie-expectancies and social appearance anxiety predict adolescents’ problematic social media use? Computers in Human Behavior, 110, 106395. https://doi.org/10.1016/j.chb.2020.106395;