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Desafios do mundo digital: riscos, responsabilidades e o papel da literacia digital


Desafios digitais nos mais novos

Os ecrãs fazem parte do nosso quotidiano. No caso das crianças e adolescentes, pode trazer alguns benefícios, mas também riscos significativos. E se, por um lado, os pais tentam acompanhar esta realidade, por outro, enfrentam o desafio de educar numa área para a qual não têm modelos anteriores.


A verdade é que muitos adultos não sabem como orientar os filhos num uso equilibrado da tecnologia, e é por isso que se torna essencial que pais e filhos aprendam em conjunto, definindo regras claras, ajustadas à idade, e cultivando um espaço de diálogo contínuo sobre o uso digital.


Entre os riscos mais frequentes associados ao uso excessivo e desregulado dos ecrãs, destacam-se:


  • Comportamentos compulsivos e dificuldades de autorregulação;


  • Isolamento social e redução das interações presenciais;


  • Problemas de saúde física, como distúrbios do sono, sedentarismo ou alterações na alimentação;


  • Uso da tecnologia como estratégia para lidar com emoções difíceis, exemplo disso podem ser birras ou "companhia" para as refeições, o que pode criar uma relação disfuncional com os dispositivos desde cedo, levando a uma dificuldade no controlo de impulsos e regulação emocional no futuro.


Responsabilidade partilhada: utilizadores, famílias e plataformas

Perante este cenário, a resposta não deve ser simplista — como proibir por completo o acesso às tecnologias. Essa abordagem, além de ineficaz, desresponsabiliza as próprias plataformas digitais, que continuam a operar com algoritmos desenhados para maximizar o tempo de utilização, recorrendo a mecanismos de reforço, conteúdos potencialmente prejudiciais e comparações sociais negativas.


Ainda que haja avanços — como o princípio do safety by design, as regulamentações para responsabilização das plataformas e sistemas adaptados à idade dos utilizadores —, persistem desafios sérios: os conteúdos em direto, a velocidade da inovação tecnológica que ultrapassa as políticas públicas e, a falta de recursos humanos e técnicos para monitorização eficaz.


Não basta educar os utilizadores. É urgente exigir mais das plataformas. Medidas de segurança não devem ser opcionais nem escondidas em menus complexos. Têm de ser activas por defeito e pensadas desde a origem dos produtos — a segurança tem de ser estrutural, não um extra.


Adolescentes: literacia digital e pensamento crítico


Nos adolescentes, a resposta mais eficaz passa por valorizar o seu espírito crítico e curiosidade.


Em vez de apenas alertar para os perigos da desinformação, é importante incentivar a exploração consciente, a análise e o diálogo aberto.


Eis algumas estratégias:


  1. Aproveitar o pensamento crítico espontâneo — questionar em conjunto com eles porque confiam mais em certos criadores de conteúdo do que outros e partilhar experiências próprias com informação.


  2. Fomentar hábitos de verificação de informação, comparando fontes fiáveis e identificando sinais de manipulação digital.


  3. Explorar as reações emocionais aos conteúdos, percebendo porque um determinado vídeo os afetou, discutindo como as emoções são usadas para captar atenção para determinado conteúdo potencialmente manipulador e prejudicial.


  4. Reforçar aprendizagens escolares sobre literacia digital, mostrando interesse pelas estratégias que já conhecem e aplicam.


O objectivo é tornar os jovens consumidores atentos, informados, críticos e conscientes, capazes de navegar num mundo digital complexo e em constante mutação.


Garantir o bem-estar digital das gerações mais novas exige uma abordagem conjunta — das famílias, das escolas, dos reguladores e das próprias empresas tecnológicas.


A segurança online não pode ser opcional nem reativa. Tem de ser preventiva, pensada e construída com todos.

Porque o futuro digital não se improvisa — educa-se, projeta-se e protege-se.

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